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Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
29/10/2008
25 anos da morte de Ana C.
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"Poesia é uma ou duas linhas e por trás uma imensa paisagem" (1990) Curta metragem em homenagem à poeta Ana C.
A voz feminina no vídeo é da própria Ana C. O áudio está ruim. Segue transcrição (faltando partes...)

"Pode começar a gravar?
Tá, começar.
Já comecei.

Um curativo aberto
Um silêncio aberto
Um fantasma romântico no peito
Se você dançar...

(...) na estrada ponho as chinelas havaianas
(...) calor
(...) rubro

Eu procurava as chaves
(...)
Atravessava a luz deserta da praia
de cabo a rabo,
de vestido."
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...
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Revista de CINEMA – "Poesia é Uma ou Duas Linhas e Atrás uma Imensa Paisagem", sobre a poeta Ana Cristina César, é seu único curta. Por quê? Um média ou um longa-metragem sobre ela resultaria excessivo?
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Moreira Salles – Nunca houve a possibilidade de "Poesia" ser maior. Explico. Eu estava terminando de editar "América", no ISER, e lá conheci o Waldo César. Eu não sabia que ele era pai da Ana Cristina. Nós ficamos amigos e um dia ele me entregou uma fita cassete, dizendo que sua filha havia gravado um poema, será que eu podia transformá-lo em um vídeo? Fui pra casa sem saber o que tinha nas mãos. Em casa, ouvi a fita. Era a Ana Cristina. O poema é lindo – fala do passado, da memória de um tempo sem peso, daquele momento sutilíssimo em que se passa da inocência para a vida adulta. "Poesia" é apenas isso: a tentativa de atender ao pedido do Waldo.
Entrevista na íntegra aqui.
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Foto montagem - Luiza Santoloni - site IMS
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"Ao fechar o livro que contava sua própria história, em 29 de outubro de 1983, Ana C. provocou uma comoção geral. "Um acontecimento dessa ordem não afeta somente o que você escreve, mas a sua vida inteira; ainda mais quando acontece com alguém de sua intimidade", declarou em uma revista o poeta carioca Armando Freitas Filho, que foi um de seus poucos amigos.
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Para Armando Freitas Filho, Ana C. "encarava a modernidade". Certa vez o poeta relacionou esta característica à brevidade de sua passagem: "Talvez por isso tenha morrido cedo pura passagem permanente muitas asas e um desdém pelo que poderia ser raiz. O lugar que ocupa é linha do horizonte virtual e veloz".
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Ana Cristina Cesar, por ela mesma, não disse nada. Não deixou bilhete de despedida não que tenha sido revelado. Deixou poesia. E em seus poemas sobre a vida não falou. Apenas sussurrou ao vento alguns versos, que, dizem, só ouviu quem assim como ela tinha alma de veludo."
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Três inéditos de Ana Cristina Cesar nos 25 anos da sua morte.
Do Prosa Online
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lá onde o silêncio é relva
de lá corrói-se hoje o texto
corrói-se porque hoje o agarra
o pré-texto que nunca se alheia
e o antecede em silêncio
lá onde os signos me esquecem
separados pré-texto e soneto
esqueço que os tenho alheios
truth about enzyte à pressa de separá-los
esqueço que lábios e signos
sem pressa se fazem relva
e inscrevo desconhecido
o último verso desgarrado:
26.9.72

 

***

Projeto para um romance de vulto

- Você se importaria de ler algo sórdido? Não, não é bem algo sórdido, pelo contrário, é uma página importante que testemunha a obsessão de registrar todos os pormenores de uma mente e todo o desenrolar da história do pensamento. Eu me curvo e me escondo ante o que escrevi ao me entregar totalmente a esta obsessão. E sinto inclusive o infeliz medo da tua leitura mas fico subitamente feliz porque percebo que deste medo posso fazer outros textos que tematizem o medo e depois falem do texto que escrevi para aplacar o medo e dos outros textos que escrevi para aplacar os primeiros textos.

***

MÍMESIS

quando esqueço
as grandes assombrações
e beijo teu regaço escuro, tua pequena
pele surpreendente
temo que o meu rosto se desfigure e volte
a imitar
os mistérios da noite e a trágica história do
malabarista
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[...] Ana Cristina é ela mesma. E, enquanto tal, não somente surpreende:desconcerta. (...) Língua afiada e ferina, a de Ana Cristina, que com humorferocíssimo, sequer a si mesma se poupa [...] A autora se despe ao nível de um confessionalismo que beira às vezes a afronta aos cânones comportamentais da pequena-burguesia. Poderão argüir alguns que essa linguagem nada tem a ver com poesia. Engano. Tem, sim. E tem,sobretudo porque, exatamente no plano da linguagem –, são estes os vetores que mais vêm colaborando para a definitiva estratificação de uma poética feminina (não necessariamente feminista) cujo objetivo é integrar a mulher na ordem social de nossos dias (JUNQUEIRA, 1979, on line)
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Sua obra, apesar de breve e fragmentária, está longe de demonstrar, pela literatura, o interesse diletante ou o modismo exibicionista, de muitos poetas de sua geração. Sua apurada consciência artesanal e o à-vontade com que manipula uma complexa rede de alusões e referências literáriasmostram que levava a literatura talvez muito a sério, uma seriedade que certo humor amargo e ferino só faz acentuar. Lúcida, ela sabe que empenhar-se a fundo na criação literária traduz uma forma de paixão cujo destino primeiro poderia ou deveria ser a própria vida [...] Toda obra de Ana Cristina é fortemente autobiográfica, não enquanto relato de uma vida, mas enquanto análise impiedosa e radical da impossibilidade de vivera vida plena que sua sensibilidade pedia [...] (MOISÉS, 1985, on line).
Cada carta é um poema de Ana Cristina César, tocados todos de um"sentimento", forte o bastante para fazer brotar, no canto do olho, mesmodo leitor mais distraído, uma furtiva lágrima, sobretudo face ao encanto, este poroso encanto capaz, só ele, de dar notícia do ido e do vivido; do aziago da vida sim; mas, tanta vez, também do seu mel.
Retalhos nostálgicos, notícias de ontem, o que estas cartas falam ninguém poderia falar com mais propriedade senão ela própria, Ana C., a cavalo de seu mito e de sua "mitologia" pessoal, na vivência minuciosa dos "anos loucos"onde oscilávamos entre comprar ou não um revólver para os momentos de pânico. Errar de cálculo, este tempo, se mostrou sempre fatal. Ana C., por um descuido, se enganou de pulso e de impulso e se atirou do oitavo andar do edifício feito o tropeço lúdico dentro de um sonho, ou de um pesadelo,do qual invariavelmente acordamos. Acontece que Ana C. não acordou mais. Para se tornar, daí em diante, o mito incurável de uma lenda sem-fim (BUENO, 2002, on line).

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Ana Cristina morreu em 29 de outubro de 1983 e, com certeza, pela sua juventude ebeleza, pelo conteúdo e forma de sua obra, pela interrupção brusca de sua vida e do seu talento, tornou-se símbolo e ícone. Quando a vida segue o seu curso normal, as pessoastêm tempo de se preparar para a passagem daqueles que, de alguma forma, têm parte ou influência em suas vidas. Isso não acontece, em casos como o de Ana Cristina, onde a ruptura abrupta sempre deixa o único recurso de uma saudade brutal ou de uma veneração desmedida.
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De qualquer forma é importante a noção, e o consolo, de que as pessoas se perpetuam, nos corações e nas almas, pelo que deixam, na forma de obras materiais, como é o caso de Ana Cristina, ou através das lembranças de atitudes, palavras ou gestos, que podem fazer melhor a vida dos que ficaram.
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Conforme mencionado, escreveu para diversos jornais e revistas. Além disso, fez parte da antologia 26 poetas hoje, publicada em 1976. Em edições independentes, publicouLuvas e Pelica, Cenas de Abril e Correspondência Completa, além de Literatura não é Documento, uma pesquisa sobre a literatura no cinema.
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Para Queiroz (2002, on line),
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vários livros seus são póstumos e o interesse por ela cresceu no bojo dasleituras críticas feministas, recorrentes a partir do final dos anos noventa.A sedução que a obra de ACC exerce sobre seu público advém não apenasdas qualidades inegáveis de uma forte e sofisticada lírica, a despeito dotom coloquial, mas também do cruzamento de fatores que conferem à obra um surplus de significação, a saber, o próprio evento do suicídio, que canaliza em quem se aproxima de seus textos uma vocação irresistível para investigar as pistas que possam explicar o trágico desfecho.
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Acredita-se que os aspectos da vida privada na obra, sob forma de uma sexualidade e eroticidade explicitamente tematizadas no feminino, em primeira pessoa e com referências a personagens reais, se expressa numa lírica coloquial. Tal fato confere à obra da autora singularidade única, em termos de qualidade e de atualidade. Ana Cristina César bancava uma tortuosa discussão sobre o papel das mulheres, acompanhando, não sem ironia, os estudos de gênero que então despontavam na Europa, investigando no feminino sem ser feminista, ela defendia que literatura tem gênero, o que só reafirmou em seu trabalho.Tendo em vista as circunstâncias de sua morte e o fato de Ana Cristina ter deixado uma série de documentos, tais como cartas, poesia, diários, traduções, desenhos etestemunhos, seus livros foram reagrupados e republicados, como foram também publicados outros documentos inéditos.

Segundo Eliot (1997, p.43),

Ana C. pensou sua poesia, pensou literatura, fez crítica, estudou traduçãoe, como podemos notar no conjunto de seus escritos, isso tudo participava,e muito, da sua criação literária. Em seus ensaios e artigos críticos encontramos uma teórica bastante consistente, levantando questões que nos parecem fundamentais para a leitura de seus próprios textos.
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De acordo com o autor, todo poeta ao criar coloca em ação sua habilidade crítica,avalia seus procedimentos, estabelece parâmetros, faz comparações, aciona seu conhecimento histórico, literário. Esse exercício crítico era consciente para Ana Cristina César, que, após concluir o Mestrado em Comunicação, embarcou para a Inglaterra para um curso de tradução literária onde viu a oportunidade de estudar teoria.

Como reza o senso comum, a respeito de Ana Cristina César, seus textos literários são percebidos como relatos e confidências, em forma, às vezes, de diários e de correspondências.
Em Correspondência Incompleta a poeta Ana Cristina César extrai o sublime do prosaico e fala sobre a perplexidade de estar viva.

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* Infelizmente a postagem automática não colocou no dia certo, 29/10, mas tá valendo, já tinha preparado muito antes. Eu amo essa mulher e o irmão dela também, claro.
Links: As cartas de Ana Cristina Cesar.
IMS
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Posted in: amor, Dor, Escritores, Literatura, Mitos, Paixão, Poesia, Poetas, Reflexão | 0 comentários | Links para esta postagem |

Segunda-feira, 27 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
A difícil arte de conceder.
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Certamente não é esse o título da crônica de Martha Medeiros, mas quando recebi do meu amigo Luiz, achei ótima e por isso estou publicando por aqui. Obrigada. Luiz.
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"O último livro que andou partilhando a intimidade da minha bolsa foi “A felicidade conjugal”, de Tolstoi. Com essa obra, o russo, além de exterminar de vez a discussão boba sobre diferenças entre literatura feminina e masculina (a gente jura que é uma mulher escrevendo), consegue revelar de forma brilhante (e, ao mesmo tempo, perturbadora) o segredo que mantém tantos casais unidos: homens se sacrificam, mulheres se sacrificam, e fica mais tempo junto o casal que tiver o maior potencial de generosidade.
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Parece, mas não é uma noticia alentadora. É literalmente bonito, daria uma boa novela das seis, mas, de minha parte, meu sonho não é um homem que sacrifique seus desejos em detrimento dos meus, e vice-versa. O que Tolstoi define elegantemente como uma “batalha entre duas generosidades”, nós, mundanos, chamamos de “concessões”. Essa palavra mais sugere uma batalha jurídica do que de generosidade, mas é tudo a mesma coisa.
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Óbvio que temos que conceder. O tempo inteiro, desde que nascemos. Até aí, estamos falando de família, um ringue onde regras são criadas coletivamente. Mas quando casamos com o senhor fulano de tal, ou com a dona sicrana da silva, que vieram sabe-se lá de onde e amparados em tais fundamentos, a concessão vira o calcanhar-de-aquiles do contrato. Ele adora dançar, você odeia música. Ela adora natureza, você não suporta passarinho. Mas se amam, olha que situação. Quem cede ?
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A felicidade conjugal só sobrevive quando os dois dão sua cota de sacrifício de forma menos dolorida possível. Ninguém morre se tiver que dançar um pouquinho ou tiver que passar um fim de semana no sítio, isso é cláusula previamente acertada e nem comporta a rigidez da palavra “sacrifício”.
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Mas e se você tiver que enfrentar uns “nunca mais” pela frente? E se os seus sonhos de juventude tiverem sido enterrados? E se o seu trabalho ficar comprometido? E se sua vida virar um palco e você tiver que assumir um personagem 24 hs por dia? E se sentir saudades de alguém que você já não é mais? Não pense que isso é dramatismo. É mais comum do que se imagina. Tem pessoas que renunciam a si mesmas e só percebem isso quando não há mais retorno possível.
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Generosidade, mesmo, é você permitir e incentivar que o amor da sua vida seja exatamente como ele é, e ele retribuir na mesma moeda, sem querer mudar você nem um naquinho assim.
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Mas esse romance ainda está para ser escrito."
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Martha Medeiros (Revista de O Globo de 26.10.08)

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Excelente, alias, o último parágrafo resume tudo e acho mais, não é só a generosidade de deixar o outro ser. Acho que amar outra pessoa é exatamente isso: deixar o outro ser o que é.
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Domingo, 26 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Rio derrota a chance de mudar.

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Infelizmente o Gabeira foi derrotado aqui no Rio. Junto com ele a possibilidade de ver mudanças reais acontecerem.
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Como bem escreveu o jornalista Antonio Caetano no seu Café Impresso:
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"Nunca uma eleição se pareceu tanto com a luta entre o bem o mal - pq nunca houve dois candidatos tão contrastantes: um que se recusava a falar mal do adversário, a sujar as ruas, a fazer conchavos; um candidato que cresceu sozinho, por sua pura força moral, e outro que usou de todos os recursos disponíveis para vencer, vencer a qualquer preço, com qualquer um.
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Ou melhor: Gabeira ganhou. Quem perdeu fomos nós. Ganhou pq mostrou q uma outra maneira de fazer política é possível. Isos em si é muito interessante. Havia claramente algo de messiânico no trajeto de Gabeira na eleição, mas acho que se soube transformar esse fervor em ação entusiasmada e eficaz. Gabeira fez a anticampanha e alcançou resultados surpreendentes."
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Ou o jornalista Noblat com Pobre cidade linda:
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"No início dos anos 80, quando morava no interior de São Paulo, eu sonhava em morar no Rio de Janeiro. Lá havia tudo que eu imaginava ser bom neste país: paisagens deslumbrantes, povo alegre e trabalhador, prosperidade. Contudo, a vida me levou para longe de lá.
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Pelo bem ou pelo mal, eu vim para Sampa e aprendi, como o bife após muitas marteladas, que esta terra também tem muita poesia escondida sob seu concreto. Hoje, eu gosto tanto ou mais de Sampa quanto do Rio. Mas, no fundo do meu coração, ainda bate o som do compasso carioca: sou flamenguista, adoro as escolas de samba do Rio e ainda fico maravilhado com a sua beleza.
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Por tudo isso, hoje eu estou de luto, como aconteceu na derrota das diretas em 84; não exatamente pela derrota de Gabeira, mas pela derrota da ética, da honestidade e da coerência. Hoje, uma pequena maioria carioca pisou sobre um broto de mudança na política neste país. Espero isso seja, apenas, um acidente e não uma morte definitiva."
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Desnecessário acrescentar qualquer coisa, né?

Posted in: Pessoal e Intransferível, Política, Reflexão | 3 comentários | Links para esta postagem |

Sábado, 25 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83

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E seria dia de Vincent Price, até porque foi no dia 25 de outubro de 1993 que ele faleceu. Mas o Lord dos filmes de terror vai ficar para outro dia. Hoje eu preciso falar de um filme tosquérrimoo que assisti por acaso. Trata-se "Planeta Terror".
Na verdade é um projeto que acabou se transformando em dois filmes: "Planeta terror", de Robert Rodriguez, e "À prova de morte", de Tarantino.
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A sinopse explica a bizarrice:
Planeta Terror mostra o que acontece quando produtos químicos detidos e negociados pelo exército norte-americano caem nas mãos erradas. Como resultado, grande parte da população de uma pequena cidade texana vira zumbi. Todos sedentos por carne fresca e, claro, miolos.
Ao mesmo tempo, acompanhamos a história dos renegados Wray (Freddy Rodríguez) e Cherry (Rose McGowan), ele um fora-da-lei que namorou Cherry, go go dancer que sonha em ser comediante. Os dois se reencontram quando os zumbis tomam conta da cidade e se unem para liderar um bando de sobreviventes.
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Muito sangue, miolos, mulheres semi-nuas e tosquices como uma perna metralhadora, você chega a conclusão que é melhor não tentar entender a intenção de Tarantino com esse projeto.
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Após ter a perna devorada por um zumbi, a belíssima Rose McGowan, usa o toquinho restante para adaptar uma metralhadora. Tornando-se então uma heroína sexy e mortal. Fiquei fã! É a tosquice elevada ao cubo! rsss
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Se você quer se divertir, rir muito com situações pra lá de bizarras, esse é o filme.

Posted in: Cinema, Erotismo, Porque hoje é sábado | 2 comentários | Links para esta postagem |

Domingo, 19 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
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Porque hoje é dia de Vinicius de Moraes

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Da solidão
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Sequioso de escrever um poema que exprimisse a maior dor do mundo, Poe chegou, por exclusão, à idéia da morte da mulher amada. Nada lhe pareceu mais definitivamente doloroso. Assim nasceu "O corvo": o pássaro agoureiro a repetir ao homem sozinho em sua saudade a pungente litania do "nunca mais".
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Será esta a maior das solidões? Realmente, o que pode existir de pior que a impossibilidade de arrancar à morte o ser amado, que fez Orfeu descer aos Infernos em busca de Eurídice e acabou por lhe calar a lira mágica? Distante, separado, prisioneiro, ainda pode aquele que ama alimentar sua paixão com o sentimento de que o objeto amado está vivo. Morto este, só lhe restam dois caminhos: o suicídio, físico ou moral, ou uma fé qualquer. E como tal fé constitui uma possibilidade - que outra coisa é a Divina comédia para Dante senão a morte de Beatriz? - cabe uma consideração também dolorosa: a solidão que a morte da mulher amada deixa não é, porquanto absoluta, a maior solidão.
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Qual será maior então? Os grandes momentos de solidão, a de Jó, a de Cristo no Horto, tinham a exaltá-la uma fé. A solidão de Carlitos, naquela incrível imagem em que ele aparece na eterna esquina no final de Luzes da cidade, tinha a justificá-la o sacrifício feito pela mulher amada. Penso com mais frio n'alma na solidão dos últimos dias do pintor Toulouse-Lautrec, em seu leito de moribundo, lúcido, fechado em si mesmo, e no duro olhar de ódio que deitou ao pai, segundos antes de morrer, como a culpá-lo de o ter gerado um monstro. Penso com mais frio n'alma ainda na solidão total dos poucos minutos que terão restado ao poeta Hart Crane, quando, no auge da neurastenia, depois de se ter jogado ao mar, numa viagem de regresso do México para os Estados Unidos, viu sobre si mesmo a imensa noite do oceano imenso à sua volta, e ao longe as luzes do navio que se afastava. O que se terão dito o poeta e a eternidade nesses poucos instantes em que ele, quem sabe banhado de poesia total, boiou a esmo sobre a negra massa líquida, à espera do abandono?
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Solidão inenarrável, quem sabe povoada de beleza... Mas será ela, também, a maior solidão? A solidão do poeta Rilke, quando, na alta escarpa sobre o Adriático, ouviu no vento a música do primeiro verso que desencadeou as Elegias de Duino, será ela a maior solidão?
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Não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.

Vinicius de Moraes - in Para viver um grande amor (crônicas e poemas) - in Poesia completa e prosa: "Para viver um grande amor"
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Dia de sábado
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Porque hoje é sábado, comprei um violão para minha filha Susana, a fim de que ela aprenda dó maior e cante um dia, ao pé do leito de morte de seu pai, a valsa "Lágrimas de dor", de Pixinguinha – e seu pai possa assim cerrar para sempre os olhos entre prantos e galgar a eternidade ajudado pela mão negra e fraterna do grande valsista...
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Porque hoje é Sábado, desejarei ser de novo jovem e tremer, como outrora, à idéia de encontrar a mulher casada, de pés de açucena; desejarei ser jovem e olhar, como outrora, meus bícepes fortes diante do espelho...
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Porque hoje é Sábado, desejarei estar num trem indo de Oxford para Londres, e à passagem da estação de Reading lembrar-me de Oscar Wilde, a escrever na prisão que o homem mata tudo o que ele ama...
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Porque hoje é Sábado, desejarei estar de novo num botequim do Leblon, com meu amigo Rubem Braga, ambos negros de sol e com os cabelos, ai, sem brancores; desejarei ser de novo moreno de sol e de amores, eu e meu amigo Rubem Braga, pelas calçadas luminosas da praia atlântica, a pele salgada de mar e de saliva de mulher, ai...
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Porque hoje é Sábado, desejarei receber uma carta súbita, contendo sobre uma folha de papel de linho azul a marca em batom de uns grossos lábios femininos, e ver carimbado no timbre o nome Florença...
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Porque hoje é Sábado, desejarei que a lua nasça em castidade, e que eu a olhe no céu por longos momentos, e que ela me olhe também com seus grandes olhos brancos cheios de segredo…
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Porque hoje é Sábado, desejarei escrever novamente o poema sobre o dia de hoje, sentindo a antiga perplexidade diante da palavra escrita em poesia e como dantes, levantar-me com medo da coisa escrita e ir olhar-me ao espelho para ver se eu era eu mesmo...
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Porque hoje é Sábado, desejarei ouvir cantar minha mãe em velhas canções perdidas, quando a tarde deixava um alto silêncio na casa vazia de tudo que não fosse sua voz infantil...
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Porque hoje é Sábado, desejarei ser fiel, ser para sempre fiel; ser com o corpo, com o espírito, com o coração fiel à amiga, àquela que me traz no seu regaço desde as origens do tempo e que, com mãos de pluma, limpa de preocupações e angústia a minha fronte imensa e tormentosa...
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Vinicius de Moraes - 09.1953 - in Para uma menina com uma flor (crônicas) - in Poesia completa e prosa: "Para uma menina com uma flor"
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Para três jovens casais

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A
Marcos Anibal de Morais
José Joaquim de Sales e
Clementino Fraga Neto
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The world was all before them, where to chose.
Their place of rest, and Providence their guide.
They, hand in hand, with wand' ring steps and slow.
Through Eden took their solitary way.

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Assim John Milton, o maior poeta inglês do seu século, ditou das trevas de sua cegueira os últimos versos desse incomparável monumento de poesia que é "Paraíso perdido", e de cuja transcendental beleza não há tradução possível, por isso que constituem, em sua tristeza intrínseca, uma prodigiosa síntese de toda a Criação: o primeiro casal, que é o eterno par, partindo para o mundo cheio de amor e perplexidade, as mãos unidas e os passos incertos a afastá-los cada vez mais do Paraíso conspurcado pela fatalidade do sexo, de onde se criam a vida e a morte.
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Impossível nada mais belo. Um dia dois olhos se encontram e deles, subitamente, irrompe uma chama imponderável. Nas veias o sangue começa a circular mais forte, e o coração parece pulsar na garganta. A voz fica trêmula, os joelhos se afrouxam, a pessoa não sabe o que fazer das próprias mãos. Ele se fosse um beija-flor, entraria a bater asas freneticamente, num vertiginoso ballet diante da pequenina fêmea expectante, para maravilhá-la com a vivacidade do seu colorido. Ela deixa-se num divino recato, mas já consciente, em sua perturbação, que vai ser dele.
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É o amor que nasce como uma fonte subterrânea a romper, em seu movimento para a luz, a última resistência de terra, e se põe a jorrar ao sol, em toda inocência e claridade. Que milagre determinou o seu surgimento naquele justo instante? Por que a outra pessoa, até então desconhecida, ou apenas conhecida, passa a ter toda a importância do mundo, a tal ponto que por ela se seria capaz de morrer ou de matar? Por que passa o corpo a ser como um cofre inviolável, só vulnerável ao toque das mãos amadas, e a idéia de infidelidade a última das baixezas?
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A posse total do ser amado torna-se como uma obsessão: possuí-lo em sua carne e seu espírito; unir-se a ele numa transubstanciação tão perfeita que um passe a ser o outro em pensamentos, palavras e obras: tal é o comando do amor. E uma vez possuído, aninhá-lo num cantinho, a coberto da ferocidade da vida e da natureza, e da maldade dos homens – e postar-se de fora vigilante como um arcanjo, o gládio em punho, para que nenhuma ofensa lhe seja imposta, nenhum dano lhe sobrevenha.
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Um ninho... Que beleza! A place of rest, como diz o poeta, de onde se possa sair para lutar pela sua subsistência, e para o qual se possa voltar com um livro, um doce, uma rosa para cativá-lo... E a grande viagem se inicia para vida, e ai de nós, para a morte. A fonte nascida procura o seu curso entre as pedras, em busca de um leito mais ameno, um talvegue mais brando, sem a memória anterior das estreitas gargantas e corredeiras perigosas que surpreendem o jovem rio e o impelem quem sabe para a vertigem das altas quedas, quem sabe para os vales pacíficos onde nada acontece, quem sabe para que feliz ou trágico destino... Mão na mão, com vagarosos passos erradios, através do Éden eles iniciam seu caminho solitário. Ei-lo que parte, o eterno casal amoroso, unido numa imagem ainda sem sombra, e de tal modo imerso em sua solidão que é como se só ele existisse no mundo.
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São dois pobres. Não importa em que berço tenham nascido, se de ouro ou se de palha, são dois pobres, porque o tudo ou o nada que um tenha quer dar ao outro. A necessidade é encontrar um abrigo, não importa quão pequenino, onde haja uma mesa, duas cadeiras e uma cama, rústicas que sejam, pois o mais divertido, justamente, é pintar: comprar um pincel e uma lata de tinta e sair pintando tudo de branco e azul, que são as cores do amor; e ficar bem sujo de cal, e interromper a cada instante o trabalho com beijos intermináveis, e ir tomar banho e amar-se muito, e depois ter fome, e ela atarefar-se com frigideiras e panelas, enquanto ele põe um disco na vitrola e passa os olhos nas manchetes, pouco se danando para guerras e cosmonautas, e com toda razão, de vez que está inaugurando o mundo. E alta madrugada, os corpos exaustos de amor, começar o dueto das almas, uma buscando possuir a outra, em infindável justa singular que só se dará tréguas no final dos tempos.
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O eterno par... Onde quer que estejam, estão sós, protegidos pela redoma do seu amor. Juntam-se os jovens rostos sorridentes para se sussurrar doces absurdos, para cantar cantigas lembradas, ou se põem sérios para fazer contas de chegar, no dever e haver conjugal, em permanente imantação. Ela sai a compras, encontra as amiguinhas de colégio que olham com maliciosa inveja sua felicidade transparente, o brilho de seus cabelos e seus olhos, a frescura de sua pele de mulher – porque agora ela é mulher – bem amada e possuída. Tudo amor.
Sim, meus jovens amigos, tudo ao amor!
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Vinicius de Moraes - Rio de Janeiro, 03.08.1969 - in Poesia completa e prosa: "Crônicas"

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Separação
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Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
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Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
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Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
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Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...
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Vinicius de Moraes - in Para viver um grande amor (crônicas e poemas) - in Poesia completa e prosa: "Para viver um grande amor"
Leia muito mais.

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Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980
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Domingo, 12 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Em algum lugar do passado...
aqui no presente.
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Hoje no Telecine Cult, na verdade escrevo e vejo aqui na TV ao lado, o início do filme "Em algum lugar do passado" .São 18:55 de um domingo chatinho como todos os domingos, em geral são.
Eu não sou saudosista, mas tenho muita saudade de alguns dias da minha vida e esse filme me lembra tanto o primeiro amor, o Miguel. Altíssimo, cabelos pretos e olhos azuis. Às vezes, penso que o único amor puro na essência é o primeiro mesmo, e não precisa ser necessariamente na adolescência, basta ser numa idade em que ainda não se aprendeu a jogar, que dizer "eu te amo" com medo de ser o primeiro a dizer, nem passa pela cabeça. Que demonstrar amor não gera no outro um sentimento de poder, de estar no domínio da situação, apenas um conforto, um calor aconchegante no coração dizendo: em algum lugar tem alguém que pensa em mim com amor.
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Coisa difícil nos dias de hoje e por isso mesmo continuo achando que nasci na época errada. Admiro o tempo em que um fio de barba, uma palavra dada era o necessário para se fechar acordo, cumprir promessas.
Hoje não, nada nos garante sequer que alguém está dizendo a verdade, muito menos seria uma temeridade aceitar uma palavra sem lavrar em cartório. Uma pena, que tudo isso tenha se perdido.
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Passam os séculos, mudam os anos e os tempos modernos nos falam da independência amorosa, das noites onde o desencontro esta marcado em algum bar, festa ou lugar, onde estamos, mas ele nunca esta. Ele? Ele mesmo, esse tipo de amor ou melhor vontade de amar que o tempo não supera ou apaga.
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Esse que quando estamos sem ele, o objeto amado, continuamos sentindo sua presença onde não mais se encontra. Ou que telefonamos, escrevemos só para nos certificarmos de sua presença no mundo. É quando se percebe que mesmo o desejo de esquecê-lo é o mais forte estímulo para dele se lembrar.
Não há solução, como disse Nietz, quando descobriu "a fórmula da grandeza do homem : amor fati". Não evitar nem se conformar e muito menos dissimular, mas afirmar o necessário, amar o que não pode ser mudado.
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A décima oitava variação de Rapsódia, de Rachmaninoff, é o toque do meu celular quando quem liga não tem música própria. Não há quem não reclame, quando toca dizendo que é fúnebre. Não acho e pensando bem, talvez seja uma forma de me manter ligada a um passado que faz parte da minha história.
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...mas deixa eu continuar a ver o filme.
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Sábado, 11 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Hoje, se as rosas falassem
renderiam homenagens a ti, Cartola.
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₢Gerald Braendle

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O mundo é um moinho
Cartola
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Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que iras tomar
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Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés.
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Ao amanhecer
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Ao amanhecer , ao anoitecer
Cantam em bando aves fazendo verão
Ouve-se os acordes de um violão
E são eles , verdes periquitos
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Têm o peito forte tal qual o granito
E são lindas as suas cancões.
Quando a tarde vai morrendo,
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Ai, meu Deus
O crepúsculo vem descendo
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Reúne-se o bando na rua
E cheios de harmonia
Entoam uma melodia
Que faz dancar, a própria lua
Cartola
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Espero por ti
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Mesmo sem saber

Se viras um dia
Eu espero por ti
Confiante e só aqui
Eu espero por ti
Pra te dar o amor
Que existe em mim
E encontrar a paz
Por fim
Não sei como foi
Mas aconteceu
Este imenso amor
Só sei que não vivo
Longe dos olhos
Sem sentir teu calor
E enquanto eu viver
Eu hei de viver
A te esperar
Mesmo sem saber
Se vais voltar.
Cartola
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Fita os meus olhos
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Fita os meus olhos

Vê como eles falam
Vê como reparam o seu proceder
Não é preciso dizer deve compreender
Até mesmo notar só no meu olhar
Não abuses por eu te convessar
Que nascestes só para eu te amar
Gosto tanto tanto de você
Que os meus olhos falam o que não vê
Ainda há de chegar o dia

Que eu hei de ter tanta alegria
Quando você souber compreender
Num olhar o que eu quero dizer
Cartola
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Senhora Tentação
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Sinto abalada minha calma,
Embriagada minha alma,
Efeitos da tua sedução,
Oh! Minha romântica senhora Tentação,
Não deixes que eu venha a sucumbir,
Neste vendaval de paixão.
Jamais pensei em minha vida,
Sentir tamanha emoção,
Será que o amor por ironia,
Move esta fantasia vestida de obsessão,
A ti confesso que me apaixonei,
Será uma maldição, não sei,
Sinto abalada minha calma,
Embriagada minha alma,
Efeitos da tua sedução,
Oh! Minha romântica senhora Tentação,
Não deixes que eu venha a sucumbir,
Neste vendaval de paixão.
Jamais...
Cartola
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* O samba não é a minha praia, a poesia sim e Cartola era um grande poeta.
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Quinta-feira, 9 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Chove chuva
chove sem parar...
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Chove direto no Rio de Janeiro. Nem me lembro do último dia de sol e sinceramente nunca gostei disso. Sou suscetível à chuva, tempo cinza, dias incertos. Acabo assimilando o tempo interiormente, só que dessa vez e em especial hoje, estou me sentindo relativamente bem.
Esse ano algumas coisas, pessoas estão indo embora definitivamente da minha vida e por mais que no momento seja dolorido, às vezes pelo modo, outras pelas máscaras que caem, no final o saldo é positivo. E a chuva parece ser um bom sinal. Ainda que seja um contratempo, lava, leva embora tudo, inclusive as sujeiras do caminho, limpa, renova e é assim que me sinto agora, renovada. Pronta pra recomeçar de verdade, do zero. É um alívio pleno pra mim.
E é também uma boa desculpa para postar poemas. No final tudo passa, inclusive essa chuva e o sol voltará a brilhar.
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"O amor é o solitário do balcão, a retirar vagaroso o rótulo úmido da garrafa porque não pode despir sua mulher. Fica delirando em braile. Aprende inglês com as moscas. Joga dama com os cascos. Reza dez ave-marias para cada pai-nosso. Descobre que o terço é feminista. A cada vez que pensa em si, pensa dez vezes no corpo dela. Não se limpa um amor no banheiro. Limpa-se com as mangas da camisa na frente de todos. O amor é a boca assoando. O amor não pede a conta na mesa, é a conta. Não há amor se você não for o último cliente. O último a sair é que está realmente amando."
Fabrício Carpinejar

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É... o amor sempre pede recibo. Ainda bem que temos as ave-marias e os padre-nossos...
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Chapéu da chuva
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"Quando chove, há sol dentro do livro. A tempestade envelhecia o dia. Minha personalidade estava indecisa entre o cavanhaque e a barba. Eu me roubei a eternidade. Não preciso de uma pátria, só daquilo que conheço. Nossa casa era manca na colina. Todos percebiam sua descida parada. Uma alvorada que andava. Existia grande número de afogamentos na cerração. A neblina não aceitava ser dominada, mas conduzida. Tem o mesmo fermento do fogo. Ao atingir grau avançado de espessura, as pessoas caminhavam anônimas lado a lado. O vidro assumia o cansaço dos vitrais, causando embaraço ao observador discernir o dentro do fora. Tomada de baixa visibilidade, a cidade retornava a um tempo em que não era cidade. Fui deixando o povoado, minha mulher, meus filhos, enviuvando a terra. Atravessei as paredes da fruta, o longo caule da varanda. O cordame do poço rolou sozinho. que vai escrito no corpo, a amante não corrige. Cruzei a linha da fronteira de balsa, silencioso, levando um parente enterrado na mala, o violino embalsamado."
Fabrício Carpinejar
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A Chuva
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A chuva é a única chama

que caminha contra o vento.
Refaço seu lastro
com a insônia dos sapatos.
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Enlouqueço de ternura,
indeciso entre o furor e o fulgor.
Desperto amarrado em alguma estrela,
servindo de referência
para o alinhamento das esferas.
Fabrício Carpinejar
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Falta de Tempo
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Existe um único antídoto para a falta de tempo. Um único.
Estar apaixonado.
Esquecer de si para inventar o desejo.
O desejo transforma-se no próprio tempo.
Tudo é adiado.
Fabrício Carpinejar
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Final de Vida
Em final de festa, sempre bate uma fome. E não poupamos esforços em procurar um cachorro-quente, caldo de feijão, um prensado, sopa, qualquer coisa para reanimar o corpo e voltar para casa com a obrigação atendida do café da manhã. Não escolhemos, aproveitamos o que vem, agradecemos o que está aberto. Não somos enojados, superamos as restrições alimentareis e sociais, capazes de comer o que nem estamos acostumados.
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É agradável parar um pouco numa barraquinha ou num trailer e se deter diante de sua companhia com os olhos lavados e pacientes da noite. Afora o prazer do silêncio depois de deixar o som incessante de uma balada. Um silêncio total, onde se ouve com nitidez uma cigarra trocando de árvore ou as braçadas das estrelas voltando para a margem.
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O final de nossa vida deveria ter a mesma fome. Não o conformismo. Não a desistência. Não o cansaço das virtudes e a complacência dos defeitos. Não a resignação de que já se fez o melhor e agora é tarde.
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Manter a fome como se a vida fosse terminar a cada dia que passamos. Supor que se morrerá logo mais e ser um condenado à vida. Porque quem está com dias contados aprende a ser um condenado da vida e se liberta da morte. Da idéia da morte como extinção. Já quem pensa que pode viver até os 80 anos, é um condenado da morte e não aproveita nada, porque deixa para depois o que não virá a tempo.
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Se eu morresse hoje, treparia com a minha mulher até perder a coordenação das pernas, largaria a caixa de mensagens e o computador e sairia com os amigos, telefonaria para conhecidos que não vejo há dez ou quinze anos, compraria presentes para os sobrinhos, deixaria minha mãe falar sem interromper, seria mais sutil como as mulheres, menos apressado como os homens, escreveria loucamente as memórias dos dias que não estarei aqui, experimentaria comidas exóticas, freqüentaria a praia de madrugada sem temor de assaltos, pularia ondas para me lembrar das voltas largas e do estalido da corda na escola, visitaria a casa de minha infância, não seguiria pedidos como o de não pisar na grama ou não conversar com o motorista, tornaria-me uma oração insubordinada, dançaria com a música das lojas e dos supermercados, subiria nas árvores com os filhos para jogar frutas nos outros bem escondido, andaria no cemitério para decorar lápides desconhecidas com flores, não sairia mais de guarda-chuva, leria o jornal com canetinha colorida, daria minhas roupas para os amigos que mais amo para vestirem em meu enterro, iria ser coroinha por uma missa, confessaria minha vida a um garçom.
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Se eu morresse hoje, iria curiosamente esquecer de morrer, tão ocupado em me despedir.
Fabrício Carpinejar
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"Vejo seus vizinhos... o trem, o ônibus, uma chuva permanente que vem do chafariz. É uma casa povoada, onde podem ser percebidos os ruídos ancestrais".
Fabrício Carpinejar
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Nada mais bonito do que um casal se admirando

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Não vejo o amor sem a admiração. Admirar é desejar ser igual estando junto. Admirar-se. Admirar a gentileza do homem jurando por Deus. Admirar sua lealdade com os amigos. Admirar seu jeito esforçado de assumir as contas. Admirar seu cuidado treinado com os idosos, cedendo assentos e lugares nas frases. Admirar os princípios herdados dos pais. Admirar sua masculinidade em sobrecarregar no abraço. Admirar seu riso infantil, sua ingenuidade no tropeço. Admirar sua vivacidade em brincar. Admirar, admirar-se. Admirar a conversa que tem com o filho sobre quem cuida de Deus. Admirar seu temperamento sereno em noites de chuva. Admirar sua inquietude para sair com o sol. Admirar sua concentração numa música nova. Admirar inclusive quando ele amarra os sapatos, debruçado como a água nas escadas. Admirar seu nervosismo nas provas, nos concursos, nos exames do trabalho. Admirar sua letra com ânsias de terminar. Admirar sua falta de jeito em dançar, compensada pela alegria de estar contigo. Admirar seu modo de transar, sua fixação por poltronas. Admirar quando ele interdita o dia para arrumar aparelhos quebrados. Admirar o perfeccionismo que o impede de ser totalmente seu. Admirar quando ele dorme no meio do filme e finge que assistia. Admirar suas mentiras encabuladas. Admirar, admirar-se. Admirar sua disposição em ser mais velho no medo e ser mais novo no aniversário. Admirar suas meias sem par na gaveta, suas fotos esquecidas de datas, seus recados de telefone faltando números. Admirar sua capacidade em desmemoriar compromissos. Admirar ao circular o sabão nos seios como se fosse uma vidraça. Admirar seu talento em provocar amizades no trem ou na rua, pouco preocupado em se preservar. Admirar quando urra desaforos no estádio, logo ele tão civilizado, tão cordato na família. Admirar quando chora e não se enxerga lágrimas, um choro de soluços, recalcado. Admirar sua vocação para pegar a joaninha da gola e a pôr novamente na grama. Admirar como disfarça que perdeu um botão abrindo as mangas ou o zíper quebrado colocando a camisa para fora. Admirar suas palavras de amor, incompreensíveis, mas terrivelmente musicais, e dizer "não entendi", para escutar outra vez. Admirar suas calças apertadas, justas como minhas pernas nas dele na cama. Admirar sua respiração pesarosa com o luto. Admirar sua caça de baratas voadoras pela sala e perceber que ele tem mais pavor do que eu. Admirar quando gosta de um livro e me conta tudo como se eu nunca fosse ler. Admirar quando fica bêbado e se enrola no cobertor do meu casaco, desculpando-se por aquilo que ainda não fez. Admirar seus roubos nos tabuleiros de criança. Admirar sua dificuldade em se livrar dos pijamas gastos. Admirar sua barba por fazer em minhas coxas. Admirar quando me busca antes de pedir.

Pode-se admirar um homem sem amá-lo. Mas não amar um homem sem admirá-lo.
Fabrício Carpinejar
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* Que venham os dias de sol. :)

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by andrea augusto - angelblue83
Imagine,
John...
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Hoje, dia do aniversário de John Lennon, resolvi colocar um artigo da astróloga Vanessa Chrystina R. Tuleski falando sobre o mapa astral dele. Eu acho interessante conhecer pessoas atravês de seus mapas, embora muita gente não acredite. Um bom mapa astral desnuda a essência de uma pessoa fácil, fácil.
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John Lennon nasceu no dia 9 de outubro de 1940, em Liverpool. O horário de nascimento é incerto. Há fontes que afirmam que o nascimento se deu às 7h00 e outros defendem que ocorreu às 18h30. Lennon foi morto em 8 de dezembro de 1980. Na sua breve vida, fez uma parceria criativa com Paul McCartney no conjunto musical mais famoso do século, The Beatles. Um conjunto que não só mudou a maneira de fazer música como a maneira de se comportar, de se vestir e se pensar. Mais tarde, o conjunto se dissolveu e após discos históricos, cada um de seus quatro membros seguiu seu próprio caminho. O que o mapa astral de nascimento de Lennon teria a revelar a respeito do autor de 'Imagine'?
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Para tentar definir qual dos dois horários de nascimento estaria mais correto é preciso conhecer os traços de caráter de John Lennon. Sabe-se que tinha um grande senso de humor e era uma pessoa capaz de sair do comum. Casou-se com Yoko Ono, uma artista plástica de origem oriental, e a união de Lennon com ela foi um 'choque' maior do que o casamento de Paul McCartney com Linda. Com base nisso, acreditamos que o horário das 18h30 está mais correto, visto que às 7h00 a Lua estaria em Capricórnio e às 18h30, em Aquário. Sendo que a Lua descreve o tipo de mulher que se procura, Yoko era totalmente 'diferente' de qualquer padrão, o que nos remete a uma Lua aquariana.

O horário das 18h30 colocaria o Ascendente em Áries, mas com três planetas em Touro: Júpiter, Saturno e Urano. A imagem pessoal de Lennon parece corresponder bem a um jeito provocador (Áries no Ascendente), misturado com um calmo (Touro) toque de irreverência (Urano), humor (Júpiter) e também reserva (Saturno). Aqui ele jogava com três elementos: um lado dele parecia não ligar para o que pensavam dele (Urano), um certa timidez ou reserva (Saturno) e escracho (Júpiter).

O regente deste mapa seria Marte, colocado em Libra na casa seis e conjunto a Netuno. Isto daria um perfil de uma pessoa muito voltada para o trabalho, e que que poderia ter um trabalho de natureza artística (Marte em Libra) e criativa (Marte/Netuno). Aqui chama a atenção algo: a música mais famosa de Lennon se chama 'Imagine', sendo que Netuno, que está conjunto ao regente do Ascendente, simboliza justamente a imaginação! Outro fato interessante é que a música conclama a ser menos cético, e Lennon pertenceu à geração de Netuno em Virgem (1929-1943), em uma época em que se viveu um grande ceticismo e falta de esperança (a quebra da bolsa em Nova Iorque e a Segunda Guerra Mundial).

Lennon tinha o Sol e Marte em Libra. Sendo Marte um planeta de natureza bélica e Libra o signo da paz, não é à toa que Lennon conclamava as pessoas a paz. É bom observar que Libra foi enfatizado durante a década de 70, quando Plutão e Urano estiveram neste signo, e Lennon foi uma espécie de porta-voz contra a Guerra Fria.

Chama a atenção o fato de Lennon ter atravessado por várias conjunções de Plutão e Urano sobre seus planetas natais. Lennon viveu intensa transformação e ebulição nos anos 60 e 70. Plutão passou por seu Vênus, Netuno, Marte e Sol. E Urano fez a mesma trajetória, tendo alcançado, também Mercúrio. Pode-se dizer que Lennon não pôde 'descansar' durante estes trânsitos todos e esteve sempre muito exigido a mudar (Urano) e transformar (Plutão) em seus curtos quarenta anos de vida.

Sempre que se analisa um mapa, é importante ver como uma pessoa capta seus pais. Segundo a biografia de Lennon, o pai estava sempre viajando e a mãe era mais uma amiga do que uma 'mãe' no sentido da palavra, o que mais uma vez confirma que Lennon tem realmente a Lua em Aquário. Pois se a Lua estivesse em Capricórnio (conforme o horário das 7h00), a mãe seria vista como conservadora e tradicional.

O pai de Lennon poderia ser representado pelo Sol na no final da sexta casa, do trabalho: Lennon via pouco o pai porque ele estava sempre trabalhando, e o próprio Lennon foi um trabalhador incansável. O Sol faz pouquíssimos aspectos. Faz um quincunce com Saturno/Júpiter em Touro. Aspectos dissonantes entre Sol e Saturno, dois símbolos paternos, parecem confirmar ou que um pai usou de muita autoridade e repressão ou que estava sempre ausente. O caso de Lennon parece ser o segundo. No caso, é significativo que Saturno esteja em conjunção com Júpiter. O pai de Lennon era marinheiro e estava sempre longe, sendo que Júpiter rege o estrangeiro. Saturno na casa um é um indício de que Lennon pode ter tido de se estruturar pela 'falta de pai'.

A mãe de Lennon está simbolizada pela Lua em Aquário. É vista por ele como diferente, extravagante e independente. Mais tarde, John Lennon encontrou estas mesmas características em Yoko Ono. A Lua faz trígono com Marte, de modo que a mãe era uma pessoa ativa e cheia de energia. Mas faz quadratura com Mercúrio: é possível que Lennon não tivesse uma boa comunicação com a mãe. Mais tarde, ele teria certa dificuldade em comunicar seus sentimentos. Mercúrio se opõe a Júpiter e Saturno, de modo que algumas vezes ele podia 'falar demais' (Júpiter) quando não precisava, e 'falar de menos' quando era necessário (Saturno). Ele podia alternar momentos de intensa facilidade de expressão com outros em que não confiava nas suas idéias ou as examinava exaustivamente. Aliás, o padrão ousadia/insegurança fazia parte da própria natureza de Lennon.

Para completar, Saturno/Júpiter fazem quadratura com Plutão, que está oposto a Lua, e também em quadratura com Mercúrio. Temos aqui uma Grande Cruz em signos fixos. Lennon foi portador de uma grande tenacidade, típica dos signos fixos, mas também tinha um lado com extrema dificuldade às mudanças nele mesmo. Pode-se dizer que a forma como morreu, sendo assassinado por um fã obcecado (idéia fixa), parece corresponder a este padrão tenaz de seu mapa, como se tivesse captado por outra pessoa.

Com a Lua em Aquário, Lennon precisava de liberdade. Podia ser emocionalmente obsessivo (Lua/Plutão), exigente (Lua/Saturno) e ter algumas dificuldades na comunicação (Lua/Mercúrio). Tudo isto era levado para o trabalho em grupo, já que a Lua está na casa onze. Foi John Lennon quem rompeu primeiro com o grupo ou quem rompeu definitivamente. Talvez sua Lua na casa onze tivesse um campo maior de manifestação no âmbito coletivo do que no âmbito de um pequeno grupo.

A Lua aquariana em quadratura com Júpiter/Saturno e oposta a Plutão em Leão também indicam que John tinha verdadeira ojeriza a dominação, sobretudo a dominação oficial (Saturno) e que limitasse a expressão (Mercúrio, o que se diz). Entretanto, internamente, ele mesmo tinhas seus limites e inibições e escolheu uma mulher que pareceu personificar maravilhosamente bem isto para o mundo. Yoko Ono era vista como uma mulher estranha (Lua em Aquário) e com forte influência sobre Lennon (Lua oposta a Plutão). As pessoas julgavam que a influência de Yoko sobre John Lennon era a de 'mantê-lo' atado (Saturno) ao mesmo tempo em que, juntos, os dois eram uma parceria 'excessiva' (Júpiter). O que as pessoas não viam é que Lennon atraíra uma mulher que simbolizava seu próprio universo interior, de modo que se Yoko era dominadora, Lennon também tinha isto dentro de si. Com Júpiter/Saturno em Touro ele podia defender uma idéia com grande teimosia, rigidez e fervor, embora para ele fosse fundamental a liberdade (Lua, o que necessitamos, em Aquário, signo da liberdade e da diferença) tanto quanto era respirar.

O fato de Lennon ter influenciado fortemente a cultura de seu tempo também é devido a esta Grande Cruz. Lennon tinha uma mente penetrante com Mercúrio em Escorpião. Capaz de enxergar tudo o que estivesse oculto, já que Mercúrio está em quadratura com Plutão, planeta da profundidade. Paralelamente, ele tinha via as autoridades e toda a forma de poder organizado (Saturno, o governo, a lei) como algo capaz de dominar e subtrair a vontade (Saturno em quadratura com Plutão). É bom lembrar que Lennon nasceu poucos anos antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, e que governos autoritários proliferavam nesta época, tendo sido Lennon um grande porta-voz dos perigos disto.

E a morte de Lennon? Alguma coisa em seu mapa podia indicar um assassinato? Em retrospecto é fácil analisar as coisas, mas não o é quando algo nem aconteceu, sendo que com o assunto morte é preciso ser sempre muito cuidadoso, visto que este tipo de informação sempre impressiona muito. Plutão rege a casa oito de Lennon. Júpiter faz quadratura com Plutão e também quadratura com a Lua: Lennon morreu pelas mãos de um fanático (Júpiter/Plutão), emocionalmente desequilibrado (Lua) e capaz de destruir o objeto de sua adoração (Plutão, onde somos capazes de regenerar ou destruir, na casa cinco, do amor). Além disso, Lennon morreu na rua, em frente ao seu prédio: Plutão faz quadratura com Mercúrio, planeta da rua, e que rege a casa três de Lennon (vizinhança). Isto sem contar que a Lua, que recebe uma oposição de Plutão, rege a quarta casa (a casa da pessoa). Podemos dizer que a morte de Lennon mobilizou toda uma coletividade (Lua em Aquário na casa onze), tomou enormes (Júpiter) proporções e até hoje tem um impacto profundo (Plutão) sobre as pessoas.

Um outro fato importante: por que o casamento de Lennon foi tão significativo para ele? Lennon tem o Sol na casa sete. Ao se casar com Yoko, Lennon 'encontro a si mesmo' (Sol na casa sete). Para quem tem o Sol na casa sete, um casamento ou parceria é de extrema importância. Na época em que conheceu Yoko, em 1968, Netuno se opunha a Urano, regente da casa onze de Lennon, a dos grupos, ou seja, seu grupo já estava se 'dissolvendo' de algum modo quando Lennon conheceu Yoko, desmentindo a teoria de que sem o surgimento dela os Beatles teriam continuado juntos (aliás, antes de se opôr a Urano, Netuno se opôs a Saturno, regente da casa dez de Lennon, sinalizando que ele não via mais sentido naquele caminho). Porém, Urano estava sobre o Marte de Lennon: de certa maneira, casar-se com Yoko foi encarado como um gesto (Marte) de rebeldia (Urano).

Há muito a se explorar no mapa de John Lennon, tanto pelo mapa em si como por sua biografia. John Lennon deixou uma herança e ainda é 'vivo' de algum modo, nas belas canções inspiradoras que ficaram e na sua ativa atuação enquanto esteve no mundo.
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Por Vanessa Chrystina R. Tuleski .

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Terça-feira, 7 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Golpe abaixo da cintura ou
Como dar fim a uma amizade
ou seja lá o que era.
Ou ainda "A arte da Guerra" de Sun Tzu.
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Há tempos atrás li “A arte da Guerra” de Sun Tzu e gostei muito. Tanto que em vários momentos da minha vida lembrei das técnicas desse grande estrategista.
Reza a lenda que Sun Tzu foi um estrategista militar chinês que viveu há 2500 anos atrás e ensinou a arte da guerra. Seus ensinamentos, no entanto, não foram apenas sobre a guerra. Assim como os princípios do O-Sensei sobre o Aikido, os princípios de Sun Tzu sobre a arte da guerra podem ser usados como um instrumento de crescimento pessoal e, muitos destes princípios podem ser adaptados para a prática de Aikido.
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Segundo os ensinamentos de Sun Tzu há cinco defeitos de personalidade: precipitação, timidez, temperamento esquentado, auto-admiração e preocupação excessiva com as aparências.

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De acordo com Sun Tzu, cada um destes defeitos pode conduzir a uma derrota. Da forma usada aqui, o termo derrota não se restringe ao significado superficial de vencer ou perder uma competição. Pelo contrário, se estende a qualquer coisa que limite o crescimento pessoal: fisicamente, mentalmente, emocionalmente ou espiritualmente. Vários atos negativos, pensamentos, palavras e atitudes podem impedir nosso crescimento em busca da harmonia externa e interna, nos derrotando através disso.

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Eu poderia, modestamente acrescentar que esses defeitos citados por Sun Tzu levam a uma atitude ainda mais grave: o golpe abaixo da cintura.
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Alguns deles são bem óbvios e podemos ampliar o conceito para chegar a uma teoria que aprendi com a vida e a convivência com outros. Certamente que essa teoria explica o fim de amizades, amores, relações próximas porque acaba levando ao golpe baixo ou abaixo da cintura.

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O temperamento esquentado, por exemplo, está mais ligado com nossas reações às frustrações do que com a raiva propriamente dita. E leva a atitudes precipitadas, palavras mal colocadas e por conseqüência a golpes baixos, naturalmente.
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Já a precipitação implica na falta de controle e de foco. Perdido o foco, fica fácil escrever ou falar coisas que certamente vão atingir o outro. A menos que o outro tenha uma auto-estima muito bem consolidada para se deixar atingir.

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Um bom exemplo de golpe abaixo da cintura é quando se fala o que não se deve. Achou lógico? Até é, mas é um pouquinho mais complicado, na verdade. Imagina, já que estamos num blog hospedado num mundo virtual, que você conheça alguém que um dia foi virtual e no real não é bem o que você imagina.
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Pois bem, ainda assim você gosta da pessoa, tem carinho e logicamente não vai escrever uma coisa do tipo: o virtual não virou real, não deu choque. É o tipo de coisa que não se diz até porque ficará tácito no decorrer dos dias e o modo como as coisas caminharão que nada resultará dali. E podemos ir além e imaginar: e quando a recíproca for verdadeira. E se a outra parte também não sentiu nada, a atração evaporou-se por completo na mesma hora?

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Pois bem, diante de uma situação assim a conclusão é fácil: uma das partes golpeou abaixo da cintura porque não pensou no que aquele tipo de comentário poderia causar ao outro e muito menos se era recíproco e como era, pelo menos nesse exemplo, e por isso sequer arranhou a auto-estima do “golpeado” digamos assim.
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Desnecessário dizer que em uma “luta” esse tipo de golpe é inaceitável e a conseqüência é o corte total porque não há nada nessa pessoa que agregue valor ao outro.

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Algumas atitudes inúteis como estas cabem bem no que Sun Tzu, escreveu sobre a guerra:
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”Em uma guerra só os interesses do Estado contam. Um governante não deve declarar guerra por estar encolerizado. Um general não pode ir à guerra por estar ressentido. Pois um homem zangado pode tornar-se feliz. Um homem pesaroso pode ficar satisfeito. Mas um país destruído não pode ser recuperado. Um homem morto não pode reviver”. Sun Tzu.
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“Ou seja, num relacionamento só os interesses do casal importam. Um deles não deve falar quando estiver encolerizado. Não pode ir às falas por estar ressentido. Pois um homem zangado pode tornar-se feliz. Um homem pesaroso pode ficar satisfeito. Mas um relacionamento destruído não pode ser recuperado. Um sentimento morto não pode reviver”.
Eu mesma.
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Pois bem, é assim que as coisas terminam, que as páginas viram, catracas rodam e filas andam.
Na minha teoria, em hipótese nenhuma cabe o golpe baixo. Nada justifica e por ser assim, certamente quem o aplica morreria pra mim, se fosse o caso.
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Quando se tem carinho, respeito, amizade e se for um casal, amor pelo outro não há hipótese que justifique um golpe desses.
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Por isso, tantas "amizades" acabam "inexplicavelmente". Por isso, tantos amores vão morrendo lentamente até o dia que se torna insuportável conviver com o outro. Por isso, é melhor deixar ir, porque se de um lado houve respeito e nada se falou, do outro, não houve sequer carinho, muito menos respeito. E todo mundo sabe que na guerra ou no "amor" respeito ao "adversário" é fundamental.
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*Para que gostou do pouco que falei do livro "A arte da Guerra" é só baixar aqui. Vale a pena quando se lê com um entendimento mais amplo e ver que se aplica a muitas situações e pessoas.

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Domingo, 5 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
"Coitados dos homens que não conseguem se separar, e se casam e se casam com os casos para caçar loucamente o amor de qualquer jeito.
Qualquer jeito não é amor."
- Fabricio Carpinejar -
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₢Jim Dine - Hearts
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Sem Sinal-Da-Cruz

Mato por amor, mas não mato o amor.

Prefiro estar perturbado por um amor ao invés de seguro, calmo e salvo fora dele. Amor resolvido ou não, pouco importa. Que eu perca a cabeça, o saldo, a casa, os gostos. Perder é prova de que ainda tenho algo.

Um amor com nó de balanço, nó de pião, nó de barco, nó de cadarço, que cruze as cordas como pernas excitadas.

Que seja um amor inacabado, quebrado, ferrado, com nó cego de uma forca, desde que aperte bem forte para não soltar. Um amor rápido como um infarto, sem sinal-da-cruz. Um amor que desafie a sabedoria que vem depois da morte. Um amor burro que dependa apenas de um quarto para se cumprir. Um amor que não tire os sapatos para deitar. Um amor sofreguidão e gozo. Um amor hesitação irritante entre beijos. Um amor que não dá trégua para voltar atrás. Um amor que não oferece chance para ir à frente. Um amor que fica no mesmo lugar, que não traz sorte e azar, traz o desespero de ser amado um pouco mais.

Amar é mais importante do que viver. Viver pode vir depois.

Amor dói e me mobiliza, me desperdiça a encontrar o que não procurei. Eu me sinto melhor no mais fodido amor do que se estivesse pleno de saúde e reconhecimento. Sinto que dependo de alguém, e não somente de mim. A miséria do amor é um luxo.

Mesmo na separação, o amor diminui o espaço entre os dedos e afiança o olhar para mais longe. Qualquer lugar é passível de uma aparição, de um reencontro, da tremedeira dos joelhos, como se fossem autônomos e independentes do resto do corpo e rezassem para um Deus prestes a surgir.

Repara-se nas pessoas ao lado a adivinhar se alguma delas experimenta o mesmo torpor silencioso de mastigar as palavras e não digeri-las ou cuspi-las. O amante está sempre com uma palavra na boca, lapidada, aperfeiçoada, repensada, reescrita, que não sairá para passear com o mar. Não sairá numa confidência. Ficará como semente de uva, pequena demais para ser colhida do chão, mas de aspereza reconhecível para uma língua com sede.

O amor é infantil. Uma alegria de se entornar pela casa e se despreocupar com a arrumação. Ser adulto estafa, a recolher os brinquedos escondidos na areia sem ao menos ter brincado. O amor é insuportavelmente tolo. Quem não é tolo não permite carícias.

O amor não cansa de caminhar como a luz, não cansa de barulho como a chuva, não cansa de repetir as lembranças como o fogo.

Morro por amor, mas não morro o amor.
Fabrício Carpinejar
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*humm, eu ando com uma predisposição absurda para me apaixonar de verdade, pra valer. E o Carpinejar tem sempre o que dizer na medida certo do sentir. Grande cara!

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Sábado, 4 de Outubro de 2008 by andrea augusto - angelblue83

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Paul Newman
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O homem que nunca viu um filme seu e dizia que o seu som favorito era o de um motor V8 em alta rotação, era provavelmente o último grande ator da época de ouro de Hollywood. Por isso, o sábado é de Paul Newman.
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Nascido em 26 de Janeiro de 1925 em Cleveland, no estado norte-americano de Ohio, com o nome de Paul Leonard Newman.
Era filho de um bem-sucedido comerciante de artigos esportivos e foi aí que começou a paixão de Paul por tudo o que envolvia desporto. Começaria pelo baseball e acabaria nas corridas de automóveis. Competiu, comprou uma equipe e se tornou campeão.
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O sucesso como ator viria muito mais tarde, sendo que por pouco não ficou acabou no primeiro filme.
Contratado pelos estúdios Warner, o ator estreou na telona em 1954, em “O cálice sagrado”. O filme, entretanto, por pouco não foi seu último: Newman considerou sua performance no épico tão ruim que publicou num jornal de grande circulação um pedido de desculpas ao público.
Para a nossa sorte, ele continuou e por longos anos atuou em filmes memoráveis. Custou a ganhar um Oscar sendo injustiçado diversas vezes. “Gata em teto de zinco quente” e “O mercador de almas” foram alguns deles.
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No entanto, em 1969, quando estrelou “Butch Cassidy – Dois homens e um destino” ao lado de Robert Redford, entraria definitivamente para a galeria de grandes astros.
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O personagem Sundance Kid foi oferecido e aceito pelo ator Steve McQueen. Com isso, Butch Cassidy seria o primeiro filme em que Newman e McQueen estrelariam juntos, até que houve o problema de qual nome apareceria primeiro nos créditos do filme.
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Como tanto McQueen quanto Newman estavam no auge de suas carreiras, surgiu a proposta de que os nomes dos dois aparecessem antes do título do filme, o que daria uma idéia de igualdade. Newman concordou com a idéia mas McQueen desconfiou que a proposta fosse na verdade um truque e, com isso, resolveu desistir do filme.
McQueen era meio paranóico mesmo, isso sem falar que havia uma espécie de disputa entre eles para saber quem era o mais fodão na época. Perda de tempo, ambos eram, cada um a seu modo.
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Fora das telas sua paixão pelo automobilismo e pela velocidade eram famosas.
Apesar de daltônico, dos anos 70 aos 90, Newman se destacou como piloto amador, correndo em carros esporte nos EUA e na Europa, onde chegou a conseguir um segundo lugar na categoria esporte das 24 Horas de Le Mans com um Porsche 935. Nos anos 80 se envolveu com a Fórmula Indy, onde se tornou sócio-proprietário da equipe Newman-Haas Racing.
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Aos 70 anos, foi o mais velho piloto a vencer uma corrida de prestígio, ao fazer parte do time de pilotos do carro que venceu às 24 Horas de Daytona de 1995.
Quem precisa provar alguma coisa?
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Para ser absolutamente sincera, acho que o maior sucesso dele foi o casamento com Joanne Woodward que durou 50 anos. Ter a sorte de envelhecer junto e morrer ao lado de um grande amor é para poucos. Ok, sou mesmo uma romântica de carteirinha, talvez por ter tido pais que viveram juntos até que a morte os separou, para - espero - uní-los de novo em outro lugar muito melhor que esse.
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Paul Newman e Joanne Woodward
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Essa união de 50 anos viu o tempo passar para os dois. Viu a beleza e o viço indo embora em cada marca que o tempo foi deixando. Ainda assim continuaram juntos até que a morte os separou. Foi ao lado dela e dos filhos que Paul Newman partiu.
Não há o que lamentar, foi uma grande vida e uma bela morte. E pensar que tem gente obtusa que valoriza tanto a aparência física se esquecendo que o tempo passa para todos e a única coisa que fica é exatamente o que se tem de essência, o que se é para o outro e a capacidade de caminhar pela vida até o fim de mãos dadas.
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Ciao Paul!
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Terça-feira, 30 de Setembro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Machado de Assis

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"As Melhores Mulheres pertencem aos homens mais atrevidos. Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim, as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados... Elas têm que esperar um pouco mais para o homem certo chegar... aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."
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* Nunca tive certeza se esse texto é mesmo de Machado de Assis, de qualquer forma, concordo em número, gênero e grau! Gosto de "escaladores" valentes!;)

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Sábado, 27 de Setembro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Amor
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Não venha me falar de razão,
Não me cobre lógica,
Não me peça coerência,
Eu sou pura emoção.
Tenho razões e motivações próprias,
Sou movido por paixão,
Essa é minha religião e minha ciência.
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Não meça meus sentimentos,
Nem tente compará-los a nada,
Deles sei eu,
Eu e meus fantasmas,
Eu e meus medos,
Eu e minha alma.
Não me fale de nuvens,
Eu sou Sol e Lua,
Não conte as poças,
Eu sou mar,
Profundo, intenso, passional.
Não exija prazos e datas,
Eu sou eterno e atemporal.
/
Não imponha condições,
Eu sou absolutamente incondicional.
Não espere explicações,
Não as tenho, apenas aconteço,
Sem hora, local ou ordem.
Vivo em cada molécula,
Sou o todo e sou uno,
Você não me vê,
Mas me sente.
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Estou tanto na sua solidão,
Quanto no meu sorriso.
Vive-se por mim,
Morre-se por mim,
Sobrevive-se sem mim.
Eu sou começo e fim,
E todo o meio.
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Sou seu objetivo,
Sua razão que a razão
Ignora e desconhece.
Tenho milhões de definições,
Todas certas,
Todas imperfeitas,
Todas lógicas apenas
Em motivações pessoais,
Todas corretas,
Todas erradas.
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Sou tudo,
Sem mim, tudo é nada.
Sou amanhecer,
Sou Fênix,
Renasço das cinzas,
Sei quando tenho que morrer,
Sei que sempre irei renascer.
Mudo protagonista,
Nunca a história.
Mudo de cenário,
Mas não de roteiro.
Sou música,
Ecôo, reverbero, sacudo.
Sou fogo,
Queimo, destruo, incinero.
Sou água,
Afogo, inundo, invado.
Sou tempo,
Sem medidas, sem marcações.
Sou clima,
Proporcional a minha fase.
Sou vento,
Arrasto, balanço, carrego.
Sou furacão,
Destruo, devasto, arraso.
Mas sou tijolo,
Construo, recomeço...
Sou cada estação,
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No seu apogeu e glória.
Sou seu problema
E sua solução.
Sou seu veneno
E seu antídoto
Sou sua memória
E seu esquecimento.
Eu sou seu reino, seu altar
E seu trono.
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Sou sua prisão,
Sou seu abandono e
Sou sua liberdade.
Sua luz,
Sua escuridão
E seu desejo de ambas,
Velo seu sono...
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Muito prazer, tenho vários nomes,
Mas aqui, na sua terra,
Chamam-me de......
AMOR
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*Desconheço o autor,quem souber por gentileza me avise.
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Minha estadia em Sampa, volto amanhã pro Rio, rendeu um passeio de 400kms na garupa de uma Harley Davidson com um piloto show de bola dos Lhamas (comunidade do Orkut) e foi um dos melhores dias da minha vida. Vou colocar as fotos no Orkut quando chegar ao RJ. Tempo bom, apesar do frio, gente muuiittoo afim de rodar e se divertir, um almoço delicioso , muita palhaçada, tanta que a barriga doeu de tanto rir e uma volta cheia de adrenalina pra não pegar chuva.
Mas até que apesar do receio da chuva, no fundo eu queria uma tempestade do tipo que eu gosto com muitos trovões e relâmpagos, acho que a adrenalina iria a mil e o pânico idem, mas eu gosto desse tipo de emoção! Atração de Abismo, segundo o poetinha Mario Quintana.
De noite pizza e papo. Muito bom!
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Confirmei que palavras o vento leva e atitudes não, por isso e portanto acabou uma possibilidade pra mim, definitivamente. Falar de paixão ao tel ou por email tem validade zero pra mim. Tô na boa, só precisava ver de pertinho. Pelo menos não me apaixonei, acho que tô começando a ficar mais descolada nessas coisas. Agora é seguir caminho.
A fila andou, a catraca rodou e a página virou. É passado, mais do que nunca. Pedras que rolam não criam limo. ;)
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Revi o Pedro, meu querido amigo e coincidentemente ex-noivo. Fiquei em sua casa e foi 10! Excelente anfitrião, espero recebê-lo no Rio.
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Achei muito bacana a repercussão do texto do Carpinejar. Eu tb acredito em Amor Virtual e acho que são um dos melhores porque sem a influência da imagem, do cheiro, do jeito da pessoa, fica-se com a essência que na verdade é o que pesa porque beleza juventude, potência sexual ainda que com o remédio, um dia acabam e certamente diminuem.
É isso. Um final de semana maravilhoso, do qual nunca esquecerei, em especial de você, apesar de tudo.

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Domingo, 21 de Setembro de 2008 by andrea augusto - angelblue83

 

 

AMOR VIRTUAL

Foto Rui Cardoso
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Acredito em amor virtual. Não adianta se valer do ceticismo da carne e dizer que a distância engana, que as pessoas não se conhecem, que pode haver desfeita e desilusão. Acredito em amor virtual. Pois nada é mais expansivo e verdadeiro do que se conhecer pela linguagem. Nada é mais íntimo e pessoal do que se doar pela linguagem.
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Não serei convencido da frieza do relacionamento na web, da articulação de fachadas e pseudônimos, da ironia e dos subterfúgios denunciados nos chats. O que acontece na internet reproduz a vida com seus defeitos e virtudes, não se pode exagerar na desconfiança. O amor virtual é tão real quanto o sangue. Não preciso enxergar o sangue para verificar se ele corre. O amor virtual trabalha com a expectativa e a ansiedade. Como um teatro que se faz de improviso, com a ardência de ser aceito aos poucos, sem o temor e os avisos em falso do rosto.
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Na correspondência, há a esperança de ser amado e de entreter as dores. A esperança aceita tudo, transforma todo troco em investimento. Um gesto de redobrada atenção, uma resposta alentada, uma frase diferente, um cuidado excessivo, a cordialidade do eco e o amor se instala.
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Não há o julgamento pelas aparências (que se assemelha a uma execução sumária), mas o julgamento em função do que se imagina ser, do que se deseja, do que se acredita. São raros os momentos em que se pode fechar os olhos para adivinhar. Adivinhar é delicioso - é se dedicar com intensidade às impressões mais do que aos fatos. Alguns dirão que é alienação permanecer horas e horas teclando ou diante de uma câmera e do computador. Mas é envolvimento, amizade, compromisso. É pressentir o cheiro, formigar os ouvidos, seduzir devagar. Não conheço paixão que não ofereça mais do que foi pedido.
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Quem reclamava da ausência de preliminares deve comemorar o amor virtual? Nunca se teve tanta preliminar nas relações, rodeios, educação. Fica-se excitado por falar. Devolve-se à fala seu poder encantatório de persuadir. Afora o espaço democrático: um conversa e o outro responde. Findou o temporal de um perguntar para outro fingir que está ouvindo. No amor virtual, a linguagem é o corpo. Dar a linguagem é entregar o que se tem de mais valioso. É esquecer as roupas na corda para escutar a chuva. É recordar de memórias imprevistas como do tempo em que se ajudava à mãe a contornar com o garfo a massa do capeletti. Conversa-se da infância, dos fundos do pátio, do que ainda não se tinha noção, sem ficar ridículo ou catártico. Abre-se a guarda para olhares demorados nos próprios hábitos. A autocrítica se converte em humor; a compreensão, em cumplicidade. É uma distração para concentrar. Uma distração para dentro. Vive-se com mais clareza para contar e se narrar.
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Amor virtual é conhecer primeiro a letra, para depois conhecer a voz. A letra é o quarto da voz.
Fabrício Carpinejar

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Quinta-feira, 18 de Setembro de 2008 by andrea augusto - angelblue83
Paixão
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Fisiologia da Paixão

O Encéfalo, Os Neurotransmissores e a Paixão
O chamado diencéfalo ou cérebro primitivo, comum a todos os mamíferos, intervém, através do hipotálamo, no desejo, no interesse sexual e também recolhe as informações que chegam do exterior e dos hormônios, controlando-os e dando as respostas da excitação sexual, ejaculação, sensações de prazer e regulando as respostas emocionais e afetivas no comportamento sexual.
O sistema límbico discrimina e seleciona os estímulos, reconhecendo os sinais de saciedade (estar satisfeito) e inibindo o comportamento sexual.
A nossa sexualidade apresenta-se não apenas em nível dos estímulos (visuais,fantasias ,etc) ,como também na participação muito importante da emoção e sobretudo na aprendizagem. Algumas partes do nosso cérebro relacionam o ambiente e a cultura às nossas respostas sexuais. O resultado pode ter maior ou menor eficácia dando aos parceiros, maior ou menor prazer.
Razão, fantasia, emoção e aprendizagem se misturam em nosso cérebro dando respostas curiosas no dia a dia sexual do ser humano.
Os neurotransmissores cumprem uma função indispensável na ativação do impulso sexual, como por exemplo, quando as carícias e beijos levam a lubrificação vaginal e à ereção peniana.
Os cientistas conhecem a feniletilamina (um dos mais simples neurotransmissores) há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-la à paixão. Ela é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.
O “affair” da feniletilamina com a paixão teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Eles sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina, e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados.
Paixão X Tempo
Existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão? Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, sim. Ela diz: "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que a paixão possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança.
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A pesquisadora identificou algumas substâncias responsáveis pelo amor-paixão: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente - a fase de atração não dura para sempre. O casal, então, se vê frente a uma dicotomia: ou se separa ou habitua-se a manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância, e permanece junto. "Isto é especialmente verdadeiro quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan.
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Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação dessas substâncias. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres. E a Dra. Hazan é categórica quanto ao que leva um casal a se apaixonar e reproduzir: "graças à intensidade da ilusão romanceada, achamos que escolhemos nossos parceiros; mas a verdade é conhecida até mesmo pelos zeladores dos zoológicos: a maneira mais confiável de se fazer com que um casal de qualquer espécie reproduza é mantê-los em um mesmo espaço durante algum tempo".

Com base em outras pesquisas desenvolvidas pela Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, pode-se fazer um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:

 

 

 

Manifestação Conceito Substância mais associada
Luxúria Desejo ardente por sexo Testosterona (aumento da libido – desejo sexual)
Atração Amor no estágio de euforia, envolvimento emocional e romance

Altos níveis de dopamina e norepinefrina (noradrenalina): ligadas à inconstância, exaltação, euforia, e a falta de sono e de apetite.

 

Baixos níveis de serotonina: tendo em vista a ação da serotonina na diminuição de fatores liberadores de gonadotrofinas pela hipófise, quanto mais serotonina menos hormônio sexual.
Ligação Atração que evolui para uma relação calma, duradoura e segura. Ocitocina (associada ao aumento do desejo sexual, orgasmo e bem-estar geral) e vasopressina (ADH), associada à regulação cardiovascular, atuando no controle da pressão sangüínea.

Os Sentidos e a Paixão
Visão
A visão é, provavelmente, a fonte de estimulação sexual mais importante que existe.
No homem, existem numerosos estímulos visuais envolvidos na atração sexual, que vão muito além da visão dos genitais do sexo oposto. A forma de mover-se, um olhar, um gesto, inclusive a forma de vestir-se, são estímulos que, enquanto potencializam a capacidade de imaginação do ser humano, podem resultar mais atraentes que a contemplação pura e simples de um corpo nu.
Segundo o neurobiólogo James Old, o amor entra pelos olhos.

Imaginemos duas pessoas que não se conhecem e se encontram em uma festa:
Ambos se olham e imediatamente se avaliam, o que ativa neocórtex, especializado em selecionar e avaliar.
O primeiro nível de avaliação de ambos será o biológico (tem orelhas, duas pernas etc) e enfim, geneticamente saudável.
Depois a análise continua por padrões baseados na experiência de cada um: tipos físicos reforçados como positivos pelos pais, amigos e meios de comunicação.
Simultaneamente se avaliam dentro de seu tempo e cultura: numa sociedade propensa a sucumbir a pragas e escassez de alimentos, mulheres mais cheinhas eram sinônimo de saúde e fortaleza.
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Elas são mais seletivas
O neurobiólogo aponta que no caso feminino também existe um fator adicional e mais abstrato: o poder (também ocorrem mudanças com o tempo e cultura)
Segundo o pesquisador, como as mulheres geneticamente têm menos oportunidades para procriar (o número de gametas femininos é menor do que o de espermatozóides), elas buscam no selecionado a capacidade de prover e proteger seus filhos.
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Foto de Marcus Ranum
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Audição
No homem, a aparição da linguagem representa um passo muito mais avançado como meio de solicitação sexual. Em praticamente todas as sociedades humanas, o uso de frases e canções amorosas constitui uma das preliminares mais habituais. Libertado o cérebro da carga social, uma frase erótica, sussurrada ao ouvido, pode resultar tão incitadora quanto um bramido de elefante na imensidão da selva.
De acordo com investigações do Krasnow Institute for Advanced Study of George Mason University, não só as primeiras palavras, mas também os tons de voz deverão responder aos padrões de saúde e genética desejados na escolha do(a) parceiro(a).
Tato: a pele com a qual amamos
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A superfície do corpo humano, com aproximadamente dois metros quadrados de extensão é, poderíamos dizer, o maior órgão sexual do homem. Mais do que simplesmente um dos sentidos, o tato é a resultante de muitos ingredientes: sensibilidades superficiais (epidérmicas e dérmicas), profundas - como a proprioceptiva, ligada a movimento -, vontade de explorar e atividade motora, emoções, memória, imaginação.
Existem cerca de cinco milhões de receptores do tato na pele - as pontas dos dedos tem uns 3.000 que enviam impulsos nervosos ao cérebro através da medula. O tato é provavelmente o mais primitivo dos sentidos. É a mais elementar, talvez a mais predominante experiência do ser humano, mesmo naquele que ainda não chegou a nascer. O bebê explora o mundo pelo tato. Assim, descobre onde termina seu corpo e onde começa o mundo exterior. Esse sentido é seu primeiro guia.
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O sentido do tato proporciona um contato imediato com os objetos percebidos e, na relação humana, é uma experiência inevitavelmente recíproca: pele contra a pele provoca imediatamente um nível de conhecimento mútuo. Na relação com o outro, não é possível experimentá-la.

Foto Kai Schwarzer
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Encontramos homens com problemas sexuais que não beijam, não abraçam e nem acariciam sua parceira. Para quê? Pensam eles. Este modelo de comportamento impede que muitos casais desfrutem do prazer que pode proporcionar o simples fato de dar e receber carícias.
A estimulação tátil é uma necessidade básica, tão importante para o desenvolvimento como os alimentos, as roupas, etc.. O contato físico é a forma de comunicação mais íntima e intensa dos seres humanos, segundo alguns estudos, até os mais insignificantes contatos físicos tem notáveis efeitos.
Nós realmente "sentimos com o olho da mente" - Uma região do cérebro envolvida no processamento do sentido da visão é também necessária para o sentido do tato. Resultados da Universidade de Emory, que confirmam o papel do córtex visual na percepção táctil (toque), foram publicados na edição da revista Nature de 06/10/1999.

As conclusões do estudo são relevantes para o entendimento de não apenas como o cérebro normalmente processa a informação sensorial, "mas também como o processamento é alterado em condições como cegueira, surdez ou torpor e, principalmente, para melhoria dos métodos de comunicação em indivíduos que sofrem de tais desordens", de acordo com Krishnankutty Sathian, Ph.D.
Até recentemente, cientistas acreditavam que regiões separadas do cérebro processavam a informação advinda de vários sentidos. Essa idéia está sendo, agora, desafiada. As descobertas recentes de que o córtex visual de deficientes visuais é ativado durante a leitura em Braille não são tão surpreendentes se apreciadas por este contexto. Os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa demonstram que uma região do córtex cerebral, associada à visão, é ativada quando os humanos tentam distinguir a orientação através do tato.
Juntamente aos depoimentos subjetivos da imagem visual e a ativação cortical parieto-occiptal associada, as descobertas levam a crer que o processamento visual facilita a discriminação tátil normal de orientação. Isso, provavelmente, está relacionado ao fato de que geralmente confiamos no sistema visual para nos orientarmos.
Paladar
Desde muito cedo, a boca é a primeira fonte de prazer. Com 16 semanas de vida, além de fazer caretas, levantar as sobrancelhas e coçar a cabeça, as papilas gustativas já estão desenvolvidas. A experiência tem demonstrado que o feto faz careta e para de engolir quando uma gota de substância amarga é colocada no líquido amniótico. Por outro lado, uma substância doce provoca a aceleração dos movimentos de sucção e deglutição.
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Aliás, o prazer do paladar continua na fase em que o bebê se amamenta através do mamilo da sua mãe. Daí para frente, o paladar fica cada vez mais apurado.
A boca é uma das partes que compõem o rosto de qualquer pessoa. Quanto a isto, não restam margem para dúvidas. Mas o que se calhar não sabe, é que a zona bocal é a última parte a adquirir todas as formas e recortes finais, embora seja a primeira a sentir as emoções iniciais da vivência.
A língua é a base de todo o paladar e a boca é uma das partes mais sensíveis do corpo e mais versáteis. Um beijo combina os três sentidos de tato, paladar e olfato. Favorece o aparelho circulatório, aumenta de 70 para 150 os batimentos do coração e beneficia a oxigenação do sangue. Sem esquecer que o beijo estimula a liberação de hormônios que causam bem-estar. Detalhe: na troca de saliva, a boca é invadida por cerca de 250 bactérias, 9 miligramas de água, 18 de substâncias orgânicas, 7 decigramas de albumina, 711 miligramas de materiais gordurosos e 45 miligramas de sais minerais. As terminações nervosas reagem ao estímulo erótico e promovem uma reação em cadeia. Ao mesmo tempo, as células olfativas do nariz – mais próximas da boca – permitem tocar, cheirar e degustar o outro.
Olfato
O amor não começa quando os olhares se encontram, mas sim um pouco mais embaixo, no nariz. "Há circuitos que vão do olfato até o cérebro e levam uma mensagem muito clara: sexo", explica Maria Rosa García Medina, especialista em sentidos químicos do Laboratório de Pesquisas Sensoriais do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina.
Alguns pesquisadores afirmam que exalamos continuamente, pelos bilhões de poros na pele e até mesmo pelo hálito, produtos químicos voláteis chamados ferormônios.
Estudos têm demonstrado que a maior parte das espécies de vertebrados tem um órgão situado na cavidade nasal denominado órgão vomeronasal (OVN). A finalidade do OVN parece ser exclusivamente a de detectar sinais químicos – os ferormônios - envolvidos no comportamento sexual e de marcação de território.
Atualmente, existem evidências intrigantes e controvertidas de que os seres humanos podem se comunicar com sinais bioquímicos inconscientes. Os que defendem a existência dos ferormônios baseiam-se em evidências mostrando a presença e a utilização de ferormônios por espécies tão diversas como borboletas, formigas, lobos, elefantes e pequenos símios. Os ferormônios podem sinalizar interesses sexuais, situações de perigo e outros.
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Os defensores da Teoria dos Ferormônios vão ainda mais longe: dizem que o "amor à primeira vista" é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os ferormônios – atestam – produzem reações químicas que resultam em sensações prazerosas. À medida em que vamos nos tornando dependentes, a cada ausência mais prolongada nos dizemos "apaixonados" – a ansiedade da paixão, então, seria o sintoma mais pertinente da Síndrome de Abstinência de Ferormônios.
Com ou sem ferormônios, é fato que a sensação de "amor à primeira vista" relaciona-se significativamente a grandes quantidades de feniletilamina, dopamina e norepinefrina no organismo. E voltamos à questão inicial: até que ponto a paixão é simplesmente uma reação química?
Um tradicional exemplo do estreito vínculo entre olfato e desejo é a síndrome de Kalman, um quadro genético de alteração hormonal que prejudica a puberdade e que está acompanhado por uma ausência congênita do olfato. Com a ajuda de tratamento, esses pacientes chegam a ter níveis normais de hormônios, mas não recuperam o olfato e isso têm efeitos diretos em sua vida afetiva.
O laboratório canadense Pheromone Sciences Corp. isolou e caracterizou os diversos ferormônios extraídos do suor. Uma primeira pesquisa revelou que o composto pode estimular a libido em homens e mulheres. Os pesquisadores esperam que, em um futuro não muito distante, esse derivado de ferormônios possa servir como tratamento efetivo e seguro para determinadas disfunções sexuais. Inclusive como complemento de remédios como o Viagra.
"Alguns derivados dos ferormônios já são usados para casos de frigidez feminina e ajudam na primeira etapa da sexualidade, que é o desejo", afirma García Medina. "Isso pode ter um grande potencial em outros tipos de disfunções sexuais, mas ao mesmo tempo, reacende questões éticas: É lícito interferir dessa forma no comportamento de uma pessoa?"
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Não há duas pessoas que possuam exatamente o mesmo cheiro, embora haja algumas semelhanças entre membros de uma mesma etnia. O odor corporal é fortemente influenciado pelo tipo de alimentação e influencia nossas preferências por certos aromas. Pessoas que gostam de comidas muito temperadas também preferem fragrâncias fortes e penetrantes, como as que contêm patchuli, sândalo ou gengibre. Aquelas que consomem mais laticínios preferem fragrâncias florais, como lavanda e néroli (flor de laranjeira). A alimentação branda porém saudável dos japoneses, baseada principalmente em peixes, verduras e arroz, em conjunto com os banhos freqüentes e meticulosos, é uma das razões pelas quais seu odor corporal é praticamente inexistente, ao menos para o olfato de outras etnias. Os japoneses são atraídos por fragrâncias delicadas. E, enquanto os esquimós são tidos como tendo cheiro de peixe e os africanos cheiro de amoníaco, o resto do mundo concorda que o cheiro azedo dos europeus é o mais nauseante (neste caso não seria pela conhecida carência de banho?).
Há duas décadas atrás, cientistas europeus conseguiram reproduzir os ferormônios em laboratório. Alguns anos mais tarde, empresários americanos compraram a fórmula, fabricaram o produto em quantidades industriais e o engarrafaram em belos vidrinhos. Agora, os tais ferormônios estão à venda na Internet.

O representante brasileiro do perfume americano The Scent promete: "É garantido! Você vai conquistar a mulher dos seus sonhos pelo cheiro". No site da empresa, o extrato de ferormônios é promovido como um "afrodisíaco natural", uma "química revolucionária", um "grande segredo vindo da natureza"; em síntese: "um estimulante sexual da mulher", que foi "inteligentemente mascarado como uma colônia masculina". Segundo seus fabricantes, este produto mágico age diretamente no subconsciente da mulher, despertando seu desejo sexual sem que ela saiba o porquê de se sentir loucamente atraída pelo galã perfumado. Mesmo sem explicações válidas, o site jura que "ela ficará totalmente a sua mercê". Ficou curioso?
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As belas promessas continuam: "você usa, é invisível, não tem cheiro, ninguém ficará sabendo, só você. É a ciência médica interferindo na nossa vida sexual, uma arma que ajudará nas suas conquistas". Segundo os responsáveis pelo produto, o sujeito que utilizar a poderosa colônia atrairá todos os olhares femininos, gerando "mais contatos imediatos e, sem dúvida, uma vida sexual mais ativa do que poderia um dia imaginar, não importa a sua aparência, não importa o nível social. Onde quer que você esteja, passará a chamar muita atenção, como um imã". Mas será que funcionam mesmo? Como você já deve ter percebido, o mesmo perfume ou loção após a barba, exala diversos cheiros em diferentes pessoas, especialmente naquelas do sexo oposto. À medida que a fragrância vaporiza e interage com nossa química própria, várias mudanças do aroma tornam-se perceptíveis.
Finalizando
Apesar de todas as pesquisas e descobertas, existe no ar uma sensação de que a evolução, por algum motivo, deu-se no sentido de que o amor não-associado à procriação surgisse – calcula-se que isto se deu há aproximadamente 10.000 anos. Os homens passaram realmente a amar as mulheres, e algumas destas passaram a olhar os homens como algo mais além de máquinas de proteção.
A despeito de todos os tubos de ensaio de sofisticados laboratórios e reações químicas e moléculas citoplasmáticas, afinal, deve haver algo mais entre o céu e a terra...
De qualquer forma, quando decidimos que temos química com alguém, o mais provável é que estejamos literalmente certos.
Link:AFH
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Paixão me dá insônia...saco.
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* Em tempo, eu sei que estou devendo visitinhas, alias, nem é "dever", é saudades mesmo.

Ando trabalhando demais fora e dentro de casa, alguns probleminhas de saúde e conseqüentemente tem ficado difícil pra mim. Mas desse finde não passa! Esperem e confiem, meus 6 leitores e meio, vou visitá-los sem falta!!!
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Dual, sou assim. Misturo meus anjos ao lado obscuro, vou fundo e me retraio. Tenho meus mistérios e saio, sempre sem deixar pistas...

Mas volto sempre se me interessar muito. Não gosto de nada pela metade, nem a minha laranja. Ou vem inteira ou não vem.

Amor só conheço o intenso, amei uma vez e fui muito amada, me enganei outra e continuo apostando. Nada de coração embalado à vácuo sem contato manual. Que peguem, amassem, acariciem, pisem em cima. Quero mais é me sentir viva, ainda que seja pela dor.

Prefiro me arrebentar toda, a sair ilesa, só não
deixo de me atirar, nem mesmo agora que aprendi um pouco mais sobre a crueldade humana.

Tenho poucos e bons amigos. Muitos conhecidos e outros tantos que nem conheço, mas sabem de mim. Minha fidelidade aos amigos é canina, aos namorados até que provem o contrário. Namorados são descartáveis, amigos não.

Sou sensível e emotiva, choro com alguma facilidade, mas quase sempre sozinha. Tenho dias de verborragia intensa e dependendo do motivo arraso ou amo com a intensidade das palavras.

No entanto prefiro atitudes. Palavras o vento leva e a memória apaga. Gosto de me sentir “pertencida”, mas não dominada ou forçada a isso. Gosto de ser livre, mas ter alguém nos pensamentos e sempre para onde voltar.

Gosto de estar só algumas vezes, sinto necessidade, não sou carente profissional. Tenho meu lado sombrio e outro tanto mais claro. Do lado sombrio poucos conhecem, outros intuem, mas
todos respeitam.

Desconfio de pessoas que se dizem loucas de paixão, mas nunca ficaram horas debaixo de chuva esperando alguém, nem ligaram de madrugada para confessar os sonhos que a insônia traz ou deram o último biscoito recheado do pacote ou ligaram tantas e quantas vezes tiveram o telefone desligado na cara.

Desconfio da sofreguidão mansa e do desespero calculado, de olhos secos ou lágrimas forçadas. Dissimulação essa mentira estudada.

O humor inteligente me ganha sempre, o bobo me afasta, o afetado nem conheço. Gosto de gente transparente, aberta, leve, verdadeira que me suaviza o necessário para não querer ir embora, que fala com os olhos, age com a boca e me leva
pelas mãos a qualquer lugar onde eu já queria estar.

andrea augusto - angelblue83

Esse texto é de minha autoria e registrado na BN.

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